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O Centro espera há anos uma rede de esgoto moderna

O sistema de saneamento do Centro vem sofrendo colapsos constantes, pois está ultrapassada para a atual demanda. A maior parte da rede foi construída nas décadas de 40 e 50, quando a cidade tinha menos prédios e populações, fixas e flutuantes, muito menores. Nenhuma obra de grande porte foi realizada, nos últimos 35 anos, apesar das inúmeras promessas de campanha e projetos engavetados. Este ano, por sorte, a época das chuvas demora a chegar e ainda não houve um daqueles temporais violentos que o carioca conhece bem. Apenas a sua ameaça já causa apreensão, pois é certo os alagamentos em várias ruas e logradouros da região, causando engarrafamentos infernais e inúmeros transtornos para comerciantes, trabalhadores e moradores.

Alguns pontos são problemáticos, como as cercanias do Campo de Santana, Central do Brasil, Rua da Lapa e Praça da Cruz Vermelha; Avenidas Rodrigues Alves, Mem de Sá e Marechal Floriano; Canal do Mangue e Rua Primeiro de Março. Nas mesas de projetos do governo estadual repousam dois projetos, o Programa de despoluição da Baía da Guanabara (orçado em 2,4 bilhões e dividido em duas fases) que prevê a recuperação da rede de esgoto do Centro e o de substituição da tubulação de toda a cidade (incluindo o centro), orçado em 178 milhões. Atualmente a CEDAE e a Rio-Urbe realizam na Lapa, um sistema de esgotamento sanitário do Centro, que evitaria o despejo de metade do esgoto produzido no Centro na Marina da Glória, desviando-o para o emissário de Ipanema. A obra é correta para a recuperação da praia do Aterro do Flamengo e da própria marina, contudo não resolve o principal problema no Centro que é a saturação da rede. É como se o sistema fosse um frágil saco de papel, onde cada vez entra mais água, quando um rasgo (vazamento ou transbordo) acontece a CEDAE remenda, contudo o grande rasgo ainda está para acontecer e não haverá remendo que resolva. Além da troca de tubulações, era para se pensar na construção de uma estação de tratamento, talvez na Zona Portuária. Uma obra que atenuaria parte do problema era a reurbanização da Rua do Lavradio (que incluiria a recuperação das tubulações subterrâneas). Entretanto, ela está paralisada e as ruas em volta continuam sofrendo com os problemas de vazamentos de esgoto como, os cruzamentos das Ruas do Resende com Av. Gomes Freire e Ruas Regente Feijó com Constituição. Enquanto isso, o carioca olha para o céu.

Carlos Augusto Pinto Loureiro

Obras na Rua do Lavradio emperradas

A mais nova vítima da incontinuidade com que os governos tratam as obras públicas, é a reurbanização da Rua do Lavradio. Parte do projeto do Distrito Cultural da Lapa, a obra devolveria aos cariocas uma área que estava sofrendo um progressivo processo de abandono. Contudo, ironicamente a própria obra corre o risco de cair no mesmo abandono. Em seus dois anos de conturbada duração (até agora) a reforma foi interrompida várias vezes, a primeira delas no começo de 99, quando a empreiteira que a iniciou faliu. A empreiteira que assumiu, a Basic, suspendeu as obras no início do ano passado (segundo comerciantes locais) e exige mais R$ 800 mil além do orçamento previsto, para voltar a trabalhar. O motivo seria a desvalorização do dólar e interferências no subsolo que encarecem a obra, segundo a empresa. A prefeitura não concorda e o impasse continua, os comerciantes da rua se queixam do pouco movimento causado pela quebradeira na rua. O que seria um alento para o comércio da área, virou um transtorno.

A reforma previa alargamento nas calçadas, quatro novas praças, uma nova iluminação e ainda, uma nova galeria de águas pluviais que acabariam, segundo o prefeito passado, com as freqüentes enchentes no local. Haveria também uma reordenação dos terminais de ônibus na área, transformando a rua, em passagem para pedestres e serviço (como na Rua Uruguaiana). As obras já custaram R$ 4,2 milhões aos cofres públicos.

 

Rua era um endereço nobre no Centro

O que poucos moradores sabem, é o passado burguês da rua no século XIX. Aberta em 1771, é uma das ruas mais antigas da cidade. Por ela era comum a passagem de carruagens imperiais, pois a oficina imperial era num sobrado (ainda existente) na Rua Gomes Freire, paralela à Lavradio. Muitas famílias ricas residiam em seus casarões. Desta época gloriosa ficaram alguns sobrados históricos como o da Escola Municipal Celestino da Silva (onde funcionava o antigo Teatro Apolo), a antiga residência do Marquês de Lavradio (hoje a Sociedade Brasileira de Belas Artes), o Palácio Maçônico Grande Oriente do Brasil (do qual faziam parte o imperador D. Pedro I e José Bonifácio), uma das entradas do tradicional Bar Brasil, a sede da Força Expedicionária e a sede do jornal a Tribuna da Imprensa. Hoje, o seu charme vem dos seus 19 antiquários que integram a Associação de Comerciantes do Centro do Rio Antigo (ACCRA). Além de possuírem barzinhos com shows de samba, chorinho e peças teatrais, os antiquários organizam, todo sábado de cada mês, a Feira Rio Antigo com shows e comércio ao ar livre.

Carlos Augusto Pinto Loureiro